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Um ‘porto seguro’ chamado Mamãe Bem Querer

Atualmente, são 50 adolescentes atendidas e que engrossam as estatísticas das muitas histórias de gravidez precoce

 Publicado em  19/09/2019 às 08h00  Sumaré  Cidades


Foto: Prefeitura de Sumaré

Inúmeras meninas com idades de 11 a 17 anos frequentam o número 209 de uma casa na Rua do Café, na Vila Valle. Algumas em tempo integral, outras meio período. Elas fazem parte do Mamãe Bem Querer, projeto de extrema importância social do IBQ (Instituto Bem Querer) desenvolvido em parceria com a Prefeitura de Sumaré, por intermédio do Fundo Social de Solidariedade e Secretaria Municipal de Inclusão Social. Atualmente, são 50 adolescentes atendidas e que engrossam as estatísticas das muitas histórias de gravidez precoce. São crianças gerando crianças.

No local, elas recebem carinho, afeto, respeito, enfim, apoio para o corpo e a mente. Algumas chegam cedo. Tomam café da manhã, almoçam, tomam café da tarde e voltam para suas residências. No período em que permanecem na casa, contam com diversas atividades. Inclusive, ajudam a produzir parte do enxoval do filho. Só que não é tudo: a futura mamãezinha ganha um lindo kit maternidade contendo 48 itens - de carrinho, banheira, fraldas, lencinho, sabonete a roupinhas - entre outros, ou seja, recebe todo o suporte necessário. Além da parte ocupacional, destaque para o atendimento psicológico individual ou em grupo, duas vezes por semana. Ou seja, elas encontram no projeto Mamãe Bem Querer completa estrutura física e psicológica. 

A ONG que recebe recursos do governo municipal realiza o atendimento e acompanhamento integral dessas adolescentes gestantes residentes em Sumaré e dos bebês delas, em especial àquelas oriundas de família em vulnerabilidade social. “O Mamãe Bem Querer é um trabalho de inclusão social de grande relevância para essas adolescentes. Para nós é uma imensa satisfação apoiar essa organização parceira, o IBQ, que acolhe essas jovens mamães, dando todo o suporte necessário”, comentou o prefeito Luiz Dalben.

O Mamãe Bem Querer é um ‘porto seguro’ - desde o estado de gravidez precoce e exercício da maternidade consciente - ao desenvolvimento físico e psíquico da mãezinha e seu filho. É um trabalho árduo e gratificante. “Precisamos tratar o emocional dessas meninas, que é especialmente a aceitação da maternidade; precisamos trabalhar a questão da rejeição. Temos que ajudá-las nesse fortalecimento de vínculo entre mamãe e bebê, principalmente fazê-las entender que não são culpadas”, garante a psicóloga e responsável pelo projeto, Maria Aparecida Sampaio Sans Camargo, a Bila.

Bila explica que as adolescentes chegam a casa logo no início da gravidez. E ficam até completar maioridade ou até o primeiro aninho da criança. Aprendem, inclusive, a dar banho no bebê. Convivendo com outras meninas e casos semelhantes, encontram nas ‘donas’ – apelido carinhoso dado às profissionais do projeto – amparo, confiança, ombro amigo. Umas chegam amedrontadas, resistentes, e conforme vão convivendo com as demais que estão na mesma situação, acabam se soltando, sentindo-se mais seguras. Aos poucos, vão se abrindo, e assumindo o instinto materno.

 

Serviços e oportunidades

A gravidez precoce na adolescência retrata uma realidade dura para essas jovens mamães. Durante a gravidez a menina fica com vergonha de ir à escola, e a primeira coisa que faz é abandonar os estudos. A adolescente que engravida geralmente não trabalha. Daí, a importância do projeto também nesse quesito, para que após o nascimento do bebê elas retomem os estudos e frequentem a casa no contraturno escolar. “É um trabalho de rede, que envolvem outros órgãos. Por exemplo, no caso das meninas que estudam, enquanto elas estão na escola, seja no período da manhã ou da tarde, o bebê fica na creche. Precisamos estimular para que elas tenham um futuro melhor, para tanto focamos a inserção no mercado de trabalho, via SOS (Guardinha) ou CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola)”, explicou Bila.

A ONG proporciona acesso a serviços e oportunidades. Somente na casa são nove profissionais dando suporte às assistidas e seus filhos, de assistente social e pedagogo a psicólogos e monitores de artesanato. As mãezinhas contam com atendimentos psicossociais, e durante sua permanência no projeto, participam das oficinas de geração de renda como forma de garantir uma qualificação profissional. São aulas de artesanato, corte e costura, manicure e pedicure, e até culinária. E, claro, cuidados com o bebê.

O Mamãe Bem Querer é um dos cinco projetos ofertados pelo Instituto Bem Querer (IBQ). A organização conta também com o Bolsa Família, Criança Feliz, Serviço de Convivência e a Creche do Proeb do Jardim Nova Esperança. “O trabalho é desenvolvido em círculo, está interligado. A adolescente que frequenta meio período aqui, deixa o filho aos cuidados da Creche”, diz a psicóloga.

 

Mamãe muito cedo

A reportagem chegou justamente na hora em que o grupo fazia uma dinâmica na sala principal, ou seja, participava de uma atividade de rede para que cada uma pudesse expressar seus sentimentos e sobre o que o projeto representa em suas vidas. E resumiram em poucas palavras, ou melhor, em substantivos: gratidão, amizade, carinho, respeito, amor.

Essas meninas estão tendo que amadurecer rapidamente. As histórias de Ana Carla de Oliveira da Silva, Joyce Adrielly e Rilary Ap. Gonçalves Dias são parecidas. Todas têm 17 anos e já são mamães. E elas são gratas pelo apoio do projeto Mamãe Bem Querer, que consideram fundamental.

“Quando cheguei aqui ainda não tinha caído a ficha de que ia ser mãe. Gosto muito de frequentar o Mamãe Bem Querer. Tem menina que vem pra cá sem nenhuma condição [financeira], e recebe todo o suporte”, explica Rilary, mãe do Lorenzo, de 7 meses.

Ana Carla considera o projeto muito importante. “Estou no Projeto desde março de 2018, e aqui temos muita ajuda, tanto para nós como para os bebês”, diz a mãe da Helena, de 11 meses.

A mesma opinião é de Joyce, mãe do Michel, de 1 ano e nove meses, e uma das mais antigas do Mamãe Bem Querer. Ela diz amar o projeto e que abre mão de outras coisas só pra frequentar a casa. “Todas aqui são muito boas, e nos atende com muito carinho e dedicação. Só tenho a agradecer. Aqui me considero em casa”.

 

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  • Foto: Prefeitura de Sumaré

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