Queda de temperatura aumenta risco de desidratação

A menos de um mês da chegada do inverno, as temperaturas amenas típicas do outono já obrigam vez ou outra a recorrer ao casaco guardado. Com as baixas dos termômetros, é comum muita gente reduzir o consumo de água, uma falha que pode expor ao risco de desidratação.

De acordo com a nefrologista da clínica Renal Quality, Maria Gabriela Rosa, é um equívoco pensar que o frio exige menor ingestão de água. A recomendação é manter a quantidade mínima de consumo de água, que é de dois litros por dia. Esse hábito, além de manter o corpo hidratado e a boa disposição, é indispensável à saúde dos rins, na prevenção de infecções e formação de cálculos”, reforça a nefrologista.

No frio, os vasos sanguíneos ficam contraídos e isso diminui a transpiração. Mas o corpo precisa eliminar o excesso de água, que é expelida pela urina. Se no calor é comum o corpo produzir 1,5 litro de urina, essa quantidade chega ao dobro quando a temperatura cai.  

Alguns sinais do organismo podem servir de alerta de que o corpo precisa de água, o principal deles vem da própria urina: quanto mais escura, maior o grau de desidratação, boca seca, irritação e até dores de cabeça são outros indicativos de que é hora de beber água.

Alimentação

As alterações no metabolismo nos dias frios são um convite para o consumo de alimentos ricos em calorias. Com o inverno, o organismo necessita de 10% a mais de calorias para manter o corpo aquecido. A dieta é mais um ponto que merece cuidados para evitar ficar desidratado, além de prejudicar a função renal. Comer alimentos com excesso de sal e proteína animal pode favorecer a formação de pedras nos rins.

Para auxiliar na hidratação, a nutricionista da Renal Quality, Eveline Noortwyck, recomenda o consumo de alimentos ricos em água. Pepino, abobrinha, melancia e melão, por exemplo, são grandes aliados nesta tarefa (confira no quadro a lista de alimentos que mais contêm água). “É claro que alimentos ricos em água ajudam, mas não substituem totalmente a ingestão de líquidos. Para isso, seria necessário ingerir quantidades imensas desses alimentos”, pondera.

De acordo com Eveline, o consumo de água deve ser igual em todas as estações do ano. “Nos dias quentes, sempre nos preocupamos em tomar bastante água e outros líquidos saudáveis para nos mantermos bem hidratados. Porém, esquecemos que no inverno devemos ter a mesma preocupação com a quantidade de água em nosso corpo. Sentimos menos sede em dias frios, e isso aumenta os riscos de desidratação, mesmo suando menos em comparação com o verão”, reforça a nutricionista.

Embora seja comum o consumo reduzido de alimentos com maior teor de água no frio, a nutricionista sugere pratos quentes alternativos que podem ajudar na hidratação. Sobremesas à base de frutas como banana, maçã e pera ao forno com canela podem realçar o sabor. “Sopas de hortaliças, além de serem saborosas e nos aquecer, são nutritivas. E vale variar com o uso de frango ou carnes magras. Mas sem exagerar em acompanhamentos, como pães ou torradas”, orienta.

Quanto às bebidas, Eveline explica que cafés e chás não cumprem o papel da água na hidratação. Do total de líquidos ingeridos ao dia, 60% devem ser água, no mínimo. Café, chá mate e chá preto devem ser ingeridos com moderação devido à grande concentração de cafeína. O recomendado por Eveline é de, no máximo, duas xícaras por dia.