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Falando sobre uma condição desconfortável: doença intestinal inflamatória

O mais importante para uma pessoa com uma doença inflamatória intestinal é ser atendida por um especialista

 Publicado em  30/07/2014 às 10h01  Brasil  Variedades


Intestinos, especialmente aqueles que não funcionam adequadamente, não são um tema popular de conversa. A maioria dos 1,4 milhões de americanos com doença inflamatória intestinal (DII) – dentre as quais destacamos a doença de Crohn (DC)ou a colite ulcerosa – sofre em silêncio.

Os EUA, Inglaterra, Itália, Escandinávia e norte da Europa são considerados países de alta incidência das doenças inflamatórias intestinais; sul da Europa, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia, países de incidência intermediária, e finalmente Ásia e América do Sul, de baixa incidência. O Brasil ainda é considerado área de baixa prevalência de DII, apesar do aumento significativo da incidência destas doenças nos registros da literatura nacional.

“As doenças inflamatórias intestinais ocorrem em todo o mundo e representam um sério problema de saúde, pois atingem preferencialmente pessoas jovens, cursam com recidivas frequentes e assumem formas clínicas de alta gravidade”, afirma ogastroenterologista Silvio Gabor (CRM-SP 47.042).

Mas os pesquisadores estão fazendo progressos na compreensão das causas dessas condições e no desenvolvimento de terapias mais eficazes. E os pacientes começaram a falar mais sobre o assunto, contando com o apoio de grupos e comunidades on-line.

Na doença de Crohn, o sistema imunológico “ataca as células” do trato digestivo, com mais frequência no final do intestino delgado e na primeira parte do cólon, ou intestino grosso. Os pacientes podem enfrentar surtos de dor abdominal, cólicas e diarreia, muitas vezes, acompanhada de falta de apetite, fadiga e ansiedade. “O paciente não vai a lugar algum sem verificar onde é o banheiro. O medo da incontinência é enorme", diz o médico. Nem a doença de Crohn, nem a colite ulcerativa, que afeta apenas o intestino grosso, tem cura, apenas controle.

Pesquisas sobre o que predispõe as pessoas a desenvolver essas condições resultaram em tratamentos mais eficazes e sugeriram novas formas de prevenir essas doenças em pessoas que são geneticamente suscetíveis.

Duas linhas promissoras e simultâneas de pesquisa estão sendo desenvolvidas com o suporte da Crohn’s e Colite Foundation of America. Uma delas aprofunda-se sobre a questão genética, onde os cientistas estão pesquisando mais de 100 fatores genéticos agora conhecidos por influenciar o risco de desenvolvimento de uma doença inflamatória intestinal. A outra linha de pesquisa, até agora, já identificou 14 fatores metabólicos bacterianos diferentes associados às doenças inflamatórias intestinais.

 

“Ao combinar os resultados das duas iniciativas, os especialistas agora sabem que certos genes afetam as bactérias que vivem no intestino; por sua vez, estas bactérias influenciam o risco de contrair uma doença inflamatória intestinal”, afirma Silvio Gabor.

Genes identificados até agora parecem responsáveis ​​por cerca de 30% do risco de desenvolver uma DII. Estudos de gêmeos ressaltam o papel da genética. Quando um gêmeo idêntico tem a doença de Crohn, o outro apresenta 50% de chance de também desenvolver a doença. Na população em geral, o risco é de apenas 5%.

“Muitas pessoas carregam genes ligados à Doença de Crohn ou à colite ulcerativa, mas apenas algumas ficam doentes. Os fatores ambientais que interagem com os genes de suscetibilidade também desempenham papel crítico nesse processo. Indícios fortes relacionados a esses fatores estão surgindo a partir de uma constatação perturbadora: a incidência de DII está aumentando significativamente, tanto nos Estados Unidos, quanto em outras partes do mundo”, diz o médico.

Tem havido um enorme aumento de casos de doenças inflamatórias intestinais na China e na Índia, países que avançaram em direção ao estilo de vida ocidental e adotaram padrões alimentares ocidentais. E quando as pessoas migram de uma área de baixa incidência para uma de alta incidência dessas doenças, como os Estados Unidos, o risco de seus filhos desenvolverem uma DII sobe muito. “Isso demonstra claramente que há um impacto ambiental e que essas doenças são multifatoriais”, observa o gastroenterologista.

A dieta é um fator óbvio que afeta tanto a composição da microbiota intestinal quanto a sua função. "As bactérias comem o que nós comemos. A dieta influencia os tipos e o equilíbrio dos micróbios no intestino. Diferentes micróbios produzem substâncias que são protetoras ou nocivas. Certas bactérias que podem metabolizar a fibra em certos vegetais e grãos produzem ácidos graxos de cadeia curta que protegem o intestino. Elas inibem a inflamação e ativam as respostas imunes que estimulam a recuperação de uma lesão celular", explica o médico.

Outro fator que contribui para o aumento da doença de Crohn, em especial, é o uso generalizado, muitas vezes, inadequado de antibióticos. "A exposição precoce a antibióticos, especialmente durante os primeiros 15 meses de vida, aumenta o risco de desenvolver a doença de Crohn e a colite (não ulcerativa). Se há uma história familiar de doença inflamatória intestinal, particularmente de doença de Crohn, os antibióticos devem ser usados ​​apenas para uma infecção bacteriana diagnosticada como inflamação de garganta ou meningite bacteriana. E quando os antibióticos são necessários, os probióticos podem ser utilizados durante e depois para minimizar o efeito dos antibióticos e restaurar a flora bacteriana normal do intestino”, alerta Silvio Gabor.

“Hoje, um paciente com a doença de Crohn pode se manter bem com uma dieta adequada, medicamentos e probióticos diários. Pessoas com uma história familiar de doença inflamatória intestinal devem evitar tomar medicamentos anti-inflamatórios não-esteroides, como aspirina, ibuprofeno e naproxeno, que bloqueiam a ação de substâncias protetoras no intestino e podem causar úlceras no intestino grosso e no estômago. O paracetamol é mais seguro para essas pessoas”, diz Silvio Gabor.

Muitos pacientes dizem que o estresse pode causar crises de doenças inflamatórias intestinais. Um novo estudo com 3.150 adultos com a doença de Crohn, apresentado em uma reunião científica recente, sugere que a depressão – se sentir triste, desamparado, sem esperança e sem valor – aumenta o risco de uma crise em até um ano.

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